ARTIGO: Uruguai, a Suíça do Sul

E o Presidente do Uruguai, Luiz Alberto Lacalle Pou, não ficou satisfeito ao assinar a “Declaração de Buenos Aires”, juntamente com mais 32 países componentes e presentes na 7ª. CELAC - Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos.
O documento foi o registro do que se definiu na conferência realizada em janeiro de 2023, em Buenos Aires, onde acordaram cooperar em mais de 100 tópicos de interesse geral, tudo escrito ao longo de 30 páginas, e que contemplou solidariedade, cooperação em recuperação pós pandemia, saúde, meio ambiente, tecnologia, infraestrutura, entre outros.
Não faltou também o compromisso ou aceno no sentido de se realizar uma reunião com a comunidade europeia em 2023 e com a China, em 2024.
A questão que ficou no ar: Será verdade? Será que vamos caminhar ou ficar no eterno marasmo? Será que não ficará somente nos eternos discursos de intenções? Pelo sim, pelo não, o presidente do Uruguai, país já exausto de tantos discursos improdutivos e sofrido pela espera de dias melhores, resolveu dar o tom no final no evento e pontificou:
“A maior integração dos países do bloco depende de que as autoridades dessas nações se mostrem capazes de integrar palavras e atos”.
Na verdade, faltou ser mais claro e dizer: "Chega de discursos vazios sem ação". Não deixou de falar, também, "chega de ideologias quaisquer que sejam, defender a democracia é missão de cada um de nós, esquerda ou direita", e defendeu, com ênfase, seu ponto de vista de que é preciso que os países vizinhos, em especial os do Mercosul, deixem que o pequeno Uruguai se abra comercialmente para o mundo.
Em razão disto, criticou o protecionismo do Mercosul, pediu aos líderes que parem de reclamar e enfatizou ser preciso promover a integração global. Palavras de coragem histórica.
Sim. Lacalle, um presidente considerado de centro-direita, quer trabalhar, quer crescer, quer fazer comércio com a China, com quem já tem conversas adiantadas, quer estabelecer relações comerciais com a União Europeia, uma promessa do grupo do Mercosul, que não deslancha, e sonha depender menos dos mercados brasileiro e argentino, países em constantes instabilidades políticas, financeiras e sociais. O Uruguai é o país mais desenvolvido e progressista da América, com elevada qualidade de vida da população, maior renda per capita, já por muitos anos considerada a “Suíça da Sul”. Exatamente por isso quer ser, e tem tudo para conseguir, a estrela maior dos países latino-americanos.
Não à toa os milionários e grandes empresários argentinos estão mudando definitivamente para o pequeno país que acolhe a todos. Enquanto na Argentina, a esquerda comandada por Alberto Fernandes aumenta impostos sobre bens, propriedades e exportações e, com isso, afugenta empresas e contempla uma inflação de 100 por cento ao ano (março/23), o pequeno Uruguai, com seu presidente de centro direita, faz o inverso, concede isenção de impostos para novas indústrias, recebe bem os imigrantes, facilita aquisição da casa para moradia, promove a criação de empregos, convoca para o trabalho e prepara-se para ser, muito em breve, novamente reconhecido como a SUIÇA DO SUL. Aplausos!...
Por aqui, na terra de Cabral, estamos patinando há muitos e muitos anos. Uma tributação excessiva sobre nossas indústrias, aumentada a cada governo, concorreu para o inchaço do estado, elevar nossa carga tributária de 22 para 36 por cento do PIB em pouco mais de 30 anos, fato que acelerou nossa desindustrialização crescente enquanto o Estado continua gastando mais do que arrecada, gerando mais inflação e inchando, ainda mais, o gigantismo estatal. Qualquer hora, seguiremos o caminho do país vizinho, Argentina. Espera-se que a Reforma Tributária, em análise pelo Congresso Nacional neste momento venha corrigir as distorções e concorrer para nossa reindustrialização. Porém, não diminuirá, em nada, o tamanho do Estado brasileiro. Ou seja, o que está ruim pode piorar. E muito!
Moacir de Melo