CEO do Airbnb destaca riscos da IA e o ‘efeito SVB’ para startups

Brian Chesky, cofundador e CEO do Airbnb
Em entrevista à Bloomberg Línea, Brian Chesky compartilhou seus pensamentos sobre o futuro da indústria tech e os ventos contrários que ela enfrenta
Para o CEO do Airbnb (ABNB), Brian Chesky, a próxima revolução tecnológica será impulsionada pela inteligência artificial (IA), à medida que as empresas do setor se adaptam a um cenário de volatilidade nos mercados em que “terão que racionalizar seus negócios”. Ele também considera que, após a crise do Silicon Valley Bank (SVB) – que abalou a indústria financeira – , “as pessoas em geral podem ser mais cautelosas ao guardar seu dinheiro em bancos locais”.
REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA
Considerado um dos executivos mais influentes da atualidade, o empresário avalia que o mundo dos negócios será impulsionado pela inteligência artificial, que “mudará tudo” e deverá liderar o que ele considera que será a próxima revolução tecnológica, em meio ao boom global que já gera ferramentas como o ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI.
“Acredito que a IA será tão profunda para o mundo quanto a Internet. Algumas pessoas dizem que será tão grande quanto a Revolução Industrial. Vai mudar a vida de todos, de todas as empresas”.
Ele antecipou que o Airbnb deverá usar o poder desta tecnologia para ser mais produtivo, referindo-se às atividades dos engenheiros.
Mais que isso, ele vê a inteligência artificial como útil para tornar o atendimento ao cliente mais eficiente e, principalmente, para conectar os consumidores com recomendações ainda mais precisas por meio de novos algoritmos.
“A IA pode fazer coisas que os algoritmos básicos de aprendizado de máquina não podem. Vejo que a mudança que vem da IA é apenas o começo”, disse.
Para Brian Chesky, de 41 anos, a situação atual só é comparável ao momento em que surgiram inovações como a câmera fotográfica, que deixou de ser um bem ao qual poucos tinham acesso para se tornar uma ferramenta cotidiana.
“Eventualmente, todo mundo será capaz de desenvolver software porque ele pode ser comandado pela linguagem natural, ou seja, a que você fala. Com o tempo, você não precisará aprender as linguagens de programação de computador e quando isso acontecer, poderá usá-lo para fazer muitas outras coisas.” Assim, “o software será significativamente mais ubíquo”, impulsionando, por sua vez, um negócio milionário que, segundo estimativas da International Data Corporation (IDC), alcançou quase US$ 450 bilhões em 2022, superando os US$ 383,3 bilhões registrados em 2021.
“Acredito que o próximo passo será um grande equalizador. Todo mundo terá acesso ao que jamais imaginamos. Teremos pessoas criativas com ferramentas que exigiriam laboratórios muito caros para serem capazes de produzir”, disse.
Mas, por outro lado, ele também está ciente de que a inteligência artificial traz desafios em múltiplos aspectos: “Um dos riscos iniciais não é que as máquinas nos destruam, mas que nos imitem e não saibamos a diferença”.
Ele mencionou que atualmente existem imagens que são geradas pela IA e que nem todo mundo percebe a diferença entre elas e as imagens reais. Isso pode desencadear “uma crise em que não saberemos o que é artificial e o que é autêntico”.
“Acredito que as pessoas ansiarão por coisas mais autênticas e teremos que equilibrar tudo isso. Portanto, acredito que essas são algumas das coisas com as quais lutaremos na sociedade.” (Bloomberg)