Meio Ambiente

Revitalização do Ribeirão das Antas, uma urgência urgentíssima

O Ribeirão das Antas está classificado como classe três de poluição, próximo ao nível máximo

Em uma área de 3.100 m² no coração de Anápolis, Goiás, um oásis natural contrasta com o avanço imobiliário e o crescimento urbano.

Trata-se de uma das mais belas e maiores nascentes do Ribeirão das Antas, o principal curso d’água do município, que há mais de um século foi essencial para a fundação da cidade, então chamada Santana das Antas.

Preservada e cercada por mata ciliar, essa nascente permanece intocada, repleta de peixes e vegetação nativa, servindo como um símbolo vivo da importância da conservação ambiental. O Ribeirão das Antas, com seus 27 quilômetros de extensão, corta a cidade no sentido sul-norte, desaguando no Rio Corumbá, que, por sua vez, alimenta o Lago Corumbá IV, responsável pelo abastecimento de água e geração de energia para o Distrito Federal. Essa conexão hídrica reforça a relevância de proteger as nascentes para garantir rios perenes e ecossistemas saudáveis.

O Antas e seus afluentes

O Ribeirão das Antas, muitas vezes incorretamente chamado de Córrego das Antas, é um pequeno rio que nasce na região do Parque Calixtópolis e atravessa bairros como Residencial Pedro Ludovico, Parque das Primaveras, Vila São Joaquim, Conjunto Nações Unidas, Vila Góis e o centro de Anápolis, antes de desaguar no Rio Corumbá.

Ele é alimentado por mais de uma dezena de afluentes, como os córregos Góis, Água Fria, Ipiranga e João Cesário.

A beleza na nascente é inspiradora

No entanto, o crescimento desordenado da cidade, especialmente entre as décadas de 1950 e 1970, trouxe desafios como a impermeabilização do solo, a remoção da mata ciliar, o lançamento de efluentes domésticos e industriais e a obstrução de galerias pluviais por lixo, resultando em alagamentos, poluição e degradação ambiental.

Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), o Ribeirão das Antas está classificado como classe três de poluição, próximo ao nível máximo, com presença de materiais de esgoto e outros poluentes.

Ações de recuperação e preservação

Para enfrentar esses desafios, a Prefeitura de Anápolis tem implementado iniciativas de revitalização, com destaque para o Projeto de Revitalização do Córrego João Cesário, um dos principais afluentes do Ribeirão das Antas.

Com cerca de quatro quilômetros de extensão, o João Cesário nasce no bairro Jardim Alexandrina e atravessa áreas urbanas, incluindo as proximidades de dois shopping centers. Em 2023, a administração municipal anunciou a abertura de uma licitação para a elaboração de um diagnóstico completo desse córrego que já está concluído.

O próximo passo será a abertura de licitação para a elaboração e execução do projeto de revitalização cujas ações incluem o desassoreamento, a remoção de resíduos e a recomposição da vegetação ciliar, com implantação de parques lineares ao longo de seu percurso, essenciais para melhorar a qualidade da água e mitigar alagamentos.

Outro marco importante é o plano de manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) do Córrego das Antas, aprovado pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente e Saneamento. Esse plano prioriza, numa primeira etapa, a revitalização das nascentes na cabeceira do Ribeirão, localizadas em áreas do Centro de Convenções de Anápolis e do Seminário Regina Minorum, até o Central Parque da Juventude Onofre Quinan, no centro da cidade. As medidas incluem o monitoramento da qualidade da água, a contenção de enxurradas e a criação de corredores ecológicos para preservar a biodiversidade.

Parques ambientais: um modelo de preservação

Inspirada por iniciativas como as descritas na Revista Planeta Água, Anápolis tem apostado na criação de parques ambientais para proteger suas nascentes e promover a conscientização ambiental. Os Parques Ambientais Ipiranga, Liberdade e da Cidade, cuja implantação foi sugerida pela Revista Planeta Água, são exemplos bem-sucedidos dessa estratégia.

Essas áreas verdes não apenas preservam as nascentes do Ribeirão das Antas e seus afluentes, mas também oferecem espaços de lazer e educação ambiental para a população. A criação de parques lineares, como sugerido pela Agenda 21 municipal, funciona como corredores ecológicos que conectam áreas de preservação permanente (APPs) e reservas legais, promovendo a conservação da biodiversidade e a disseminação do patrimônio genético local.

Vista geral da nascente do Antas no centro da cidade

O ambientalista Antônio Zayek propôs a implementação de jardins filtrantes ao longo das margens do Ribeirão, uma técnica que utiliza plantas para absorver nutrientes e poluentes, melhorando a qualidade da água. Projetos semelhantes já foram aplicados com sucesso em outras regiões do Brasil, servindo de inspiração para Anápolis.

Desafios e perspectivas

Apesar dos avanços, a recuperação do Ribeirão das Antas enfrenta obstáculos significativos. A urbanização desordenada, a falta de monitoramento contínuo da qualidade da água e as ligações clandestinas de esgoto continuam a comprometer o manancial.

Estudos, como o do engenheiro Fábio Maurício Corrêa, apontam que o ribeirão recebe efluentes tratados da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e chorume do aterro sanitário, agravando a poluição em alguns trechos.

Para superar esses desafios, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente tem intensificado ações de educação ambiental, incentivando a participação da população, escolas, universidades e organizações não governamentais. A criação de Unidades de Conservação e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) também está entre as propostas para proteger as bacias hidrográficas do município.

Tarefa de todos

A preservação do Ribeirão das Antas e seus afluentes, como o Córrego João Cesário, é uma tarefa coletiva que exige a integração de políticas públicas, infraestrutura e engajamento comunitário. A nascente preservada no setor central de Anápolis é um lembrete do potencial de recuperação quando há esforço conjunto.

Os parques ambientais e as iniciativas de revitalização demonstram que é possível conciliar o crescimento urbano com a conservação da natureza, garantindo que rios como o Antas permaneçam perenes para as futuras gerações.

A história de Anápolis, nascida às margens desse ribeirão, reforça a urgência de práticas sustentáveis para assegurar a saúde de seus mananciais e o bem-estar de sua comunidade.

VEJA VÍDEO DA LINDA NASCENTE FEITO EM 14.08.2025 PELA PLANETA ÁGUA:

 

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