Com 18 anos de trajetória, grupo goiano formado por pai, mãe e filho une palhaçaria, música e culturas populares em apresentação no Picadeiro Móvel
A Cia Boca do Lixo, companhia do estado de Goiás, sediada em Anápolis, sobe ao palco do Picadeiro Móvel, o maior projeto na linguagem circense do Sesc-RJ, que acontece entre os dias 24 e 26 de outubro. A atração é o aclamado espetáculo “Inventando Moda”, que celebra os 18 anos da companhia e já percorreu diversos festivais pelo país.

Arte e cultura em família
Formada por uma verdadeira família circense, a Cia é integrada pelos palhaços Siriema (Amanda Ricoldi), Mutamba (Zeck Mutamba) e Marelo (Benjamin), de 10 anos, que fora dos palcos são mãe, pai e filho. Juntos, eles constroem uma trajetória de quase duas décadas dedicadas à pesquisa das culturas populares brasileiras.
“O espetáculo é um reflexo da nossa vida. Ele sintetiza nossa trajetória no circo e na música com uma pesquisa profunda pelas culturas populares brasileiras. Viajamos o Brasil para aprender diretamente com mestres e mestras da cultura tradicional, e esse repertório ganha vida no palco”, explica Amanda Ricoldi.
Traquitanas e Tradição
“Inventando Moda”, fruto de 18 anos de estudos artísticos, conduz o público por uma jornada vibrante pelas tradições culturais do Brasil. Com leveza e humor, a peça explora a diversidade das manifestações artísticas nacionais. O espetáculo, que estreou em outubro de 2024, foi dirigido por João Carlos Artigos, um artista com mais de 40 anos de carreira.
“Nessa viagem para o Rio de Janeiro vamos aproveitar para fazer um novo encontro com ele, que é o responsável por lapidar esse espetáculo, a pensar junto com a gente”, fala Amanda. “Vamos mostrar a evolução do espetáculo porque, após um ano de turnê com várias apresentações, a obra foi ganhando um formato mais seguro e consistente. E o João, com certeza, nos ajudará a fortalecer ainda mais esse processo”, completa.
Um dos diferenciais do trabalho é a recuperação de elementos clássicos da palhaçaria. “Um dos nossos focos é o resgate das ‘traquitanas’, essas engenhocas clássicas da palhaçaria que há muito tempo não se vê. Estamos revivendo instrumentos inusitados, como a marreta que explode e o chorão, que são truques e aparelhos fundamentais desta arte”, detalha Zeck Mutamba.
A criação dessas engenhocas contou com o talento do criador cênico Márcio Vieira. “Nosso engenheiro e cientista maluco que criou essas traquitanas junto com a gente e deu vida às ideias que tivemos”, complementa Amanda. “Márcio Vieira é um dos maiores construtores cênicos do Brasil, do Circo Teatro Udi Grudi, de Brasília. Ele e João Carlos são grandes artistas que enriquecem nosso espetáculo”, conclui Zeck.
Reconhecimento nacional
O reconhecimento do trabalho da companhia tem crescido em âmbito nacional. Este ano, o espetáculo foi selecionado para importantes eventos, como a Mostra Nacional Tempo de Porangatu (TeNpo) e a Convenção Brasileira de Malabarismo e Circo.
Agora, a conquista é uma vaga na 10ª edição do Picadeiro Móvel, projeto itinerante do Sesc-RJ que, em 2025, acontece em São João de Meriti. O evento reúne artistas de todas as regiões do Brasil e do exterior, mesclando o tradicional e o contemporâneo em uma celebração da arte do circo.
Fundada em 2007, a Companhia Boca do Lixo desenvolve um trabalho artístico e educativo enraizado na cultura popular e tradicional brasileira. Com o circo e o teatro como principal expressão, a Cia utiliza a arte-educação para criar experiências que fortalecem temas socioambientais, promovendo uma profunda conexão com as tradições do Brasil.
Siriema, Mutamba e Marelo sobem no palco do Picadeiro Móvel “Inventando Moda” no sábado (25), em frente ao Centro Cultural Meritiense, na Rua Panamense, Jardim Meriti, entre 10h e 17h, conforme a programação geral do evento. A classificação é livre e a entrada gratuita (sujeita à lotação). Para mais informações, acesse: sescrio.org.br/picadeiromovel. (Lucas Tavares)



