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Quem é Daniel Noboa, reeleito presidente do Equador

Com mais de 90% das urnas contadas, Noboa estava à frente de Luisa González por mais de um milhão de votos, uma diferença de 12 pontos percentuais (56% contra 44%).

Daniel Noboa é reeleito no Equador e promete endurecer combate ao crime

Com discursos objetivos, postura firme e sempre cercado por forte segurança, Daniel Noboa venceu a reeleição no Equador neste domingo (13). Ele reforçou seu compromisso de ampliar o enfrentamento ao narcotráfico, que segue avançando no país.

Durante a campanha, apareceu em cima de um tanque de guerra, usando colete e capacete à prova de balas. Em outros momentos, surgiu descontraído no Instagram, vestindo roupas esportivas, tocando guitarra e cantando músicas dos Goo Goo Dolls.

Um presidente jovem e obstinado

Mesmo com pouca experiência política, Noboa assumiu a presidência aos 35 anos, tornando-se o mais jovem da história do país. Hoje, com 37, reafirma que “nada se resolve em um ano” e aposta em mais quatro anos de governo para consolidar sua política de segurança.

Ele afirmou à New Yorker: “Os narcotraficantes nunca imaginaram que eu teria colhões para declarar guerra contra eles”. Essa postura agressiva o ajudou a consolidar uma base popular sólida.

Além disso, ele quebrou novamente a escrita de seu pai, um empresário do ramo bananeiro, que tentou por cinco vezes chegar à presidência — sempre sem sucesso.

Formação internacional e vida pessoal

Nascido nos Estados Unidos, Noboa estudou em universidades renomadas fora do país. Em 2023, foi eleito para completar o mandato de Guillermo Lasso, que havia dissolvido o Congresso para evitar um julgamento político por corrupção.

Segundo pessoas próximas, ele tem interesses variados: quis ser músico, tentou adotar o vegetarianismo, é sommelier, coleciona pimentas e tem paixão por carros, cavalos e guitarras.

Popularidade e estratégia de comunicação

Embora evite entrevistas e coletivas de imprensa, Noboa mantém alta popularidade na América Latina. Prefere interações diretas com o público, distribuindo abraços e selfies em eventos. Apesar disso, as pesquisas indicavam uma disputa acirrada com Luisa González, candidata da esquerda.

Durante sua campanha, ele conquistou muitos eleitores com uma ofensiva implacável contra o crime organizado.

Política de segurança e críticas internacionais

Noboa autorizou o uso das Forças Armadas nas ruas e dentro das prisões. Em várias operações, mostrou presos seminus, o que gerou comparações com o presidente de El Salvador, Nayib Bukele.

Consequentemente, organizações de direitos humanos começaram a criticá-lo por supostos abusos. Elas apontam o uso excessivo da força durante os prolongados estados de exceção, como o decretado no sábado, e questionam a declaração de “conflito armado interno”.

Recentemente, quatro crianças foram assassinadas e tiveram os corpos carbonizados em Guayaquil. O crime, que envolveu 16 militares, intensificou o debate sobre os limites da ação estatal.

Aproximação com Trump e alianças controversas

Na reta final da campanha, Noboa buscou se aproximar do ex-presidente americano Donald Trump. Ele declarou apoio à luta contra o narcotráfico e sinalizou abertura para o retorno de bases militares estrangeiras, atualmente proibidas por lei.

Além disso, anunciou uma aliança com Erik Prince, fundador da empresa de segurança Blackwater. A companhia ficou conhecida por matar e ferir civis no Iraque, o que aumentou a desconfiança sobre suas intenções.

Relação tensa com governos de esquerda

A postura firme de Noboa também afetou suas relações diplomáticas. Recentemente, rompeu com o México após uma incursão policial na embaixada mexicana em Quito. A operação resultou na prisão de Jorge Glas, ex-vice-presidente correísta, condenado por corrupção.

De acordo com o governo equatoriano, a taxa de homicídios caiu de 47 para 38 por 100.000 habitantes em apenas um ano. No entanto, o país continua sendo o mais violento da América Latina, segundo o think tank Insight Crime.

Imagem pública entre carisma e controvérsia

Embora se autodefina como de centro-esquerda, Noboa governa com base em políticas neoliberais e conta com apoio da direita. Nas redes sociais, apresenta-se como católico devoto e defensor da família.

Seus aliados afirmam que é disciplinado: segue uma dieta rigorosa, corre até 10 km por dia, toma shakes de proteína e raramente dorme tarde. Além disso, seu círculo íntimo é formado por amigos de infância, muitos deles presentes em seu governo.

Nos comícios, apoiadores disputam imagens em tamanho real do presidente. Essas figuras, que o mostram em trajes informais e poses relaxadas, são usadas pela oposição para chamá-lo de “presidente de papelão”.

Vida familiar e acusações delicadas

Noboa é casado com Lavinia Valbonesi, influenciadora digital de 26 anos e mãe de dois de seus três filhos. No entanto, enfrenta acusações graves da ex-esposa, Gabriela Goldbaum.

Ela o acusa de machismo e violência vicária, alegando que ele usa a filha de cinco anos como instrumento de vingança emocional. A empresária também afirma ter protocolado dezenas de ações judiciais contra ele, incluindo denúncias por impedir o contato entre mãe e filha.

Além disso, a vice-presidente Verónica Abad, eleita junto com Noboa, também o acusa de violência de gênero. Segundo ela, o presidente tenta sistematicamente afastá-la de suas funções, o que agrava as tensões dentro do próprio governo.

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