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Starship de Musk realiza com sucesso 1º voo completo de sua história

Lançador Super Heavy e a nave principal voltaram à Terra pela primeira vez após uma viagem fora do planeta. VEJA VÍDEO

A SpaceX conseguiu realizar o primeiro voo completo do Starship, superfoguete da empresa de Elon Musk. O maior foguete da história, que pesa 5 mil toneladas, decolou de Boca Chica, no Texas, às 9h50 do horário de Brasília e teve seus dois estágios de volta ao planeta com sucesso. Tanto o lançador Super Heavy quanto a nave principal desceram, respectivamente, no Golfo do México e no Oceano Índico como programado. O voo era não-tripulado.

Um dos principais objetivos da missão, que era o retorno do lançador Super Heavy, foi atingido pela primeira vez – no terceiro voo a companhia perdeu contato com o componente a poucos quilômetros da superfície. Desta vez, ele desceu no Golfo do México apenas 7 minutos após a decolagem. A separação entre foguete e lançador começou a 75 km de altitude, com 3 minutos de voo.

Já a nave principal pousou no Oceano Índico cerca de 1 hora e 10 minutos após deixar a base nos EUA. A 55 km de chegar à superfície, parte da nave começou a apresentar falhas devido ao calor, e câmera da transmissão ao vivo teve a lente danificada, mas a nave ainda enviava dados, o que indicava que o voo acontecia com sucesso. A 4 km de altitude, o equipamento já estava abaixo da velocidade do som e se posicionou para a descida final com auxílio do motor Raptor Vacumn. O voo foi encerrado com sucesso perto das 11 horas da manhã.

A decolagem foi realizada apesar de um dos 33 motores do lançador ter falhado na subida. A nave começou a reentrada na atmosfera às 10h29. Às 10h35, a 105 km de atitude, o equipamento começou a manobrar para a descida e reentrada na atmosfera. Às 10h39, em retorno à Terra, o foguete superou a marca de 72 km de altitude, superando o voo anterior, e tinha velocidade de mais de 26 mil km/h. As temperaturas não passaram dos limites fatais e a descida, auxiliada pela atmosfera (o que desacelera o foguete), foi estável. Com isso, o Starship é o maior foguete da história a realizar integralmente um voo fora do planeta.

O objetivo de Musk é utilizar o foguete para, em 2025, levar a tripulação da agência espacial americana (a Nasa) à Lua. A longo prazo, no entanto, o plano do bilionário é utilizar a nave para transportar carga e pessoas para Marte.

Decolagem do Starship nesta quinta
Decolagem do Starship nesta quinta Foto: SpaceX/Divulgação

Musk se pronunciou no X, ex-Twitter, após o pouso. “Apesar da perda de muitas peças e de um flap danificada, o Starship conseguiu pousar suavemente no oceano! Parabéns, equipe SpaceX, pela conquista épica!!”, escreveu às 11h08

Melhorias e repetição da história

Para esse voo, a SpaceX disse que intencionalmente inseriu telhas de proteção térmica mais finas do que nos voos anteriores e que removeu outras duas telhas. Com isso, a expectativa é medir o quanto a espaçonave consegue resistir ao calor durante o voo, especialmente na reentrada na atmosfera. Apesar da perda de pedaços da nave, ela resistiu à viagem.

A SpaceX diz que foram feitas melhorias de software e hardware. A companhia também afirmou que implementaria mudanças operacionais, incluindo a eliminação do estágio quente do Super Heavy após a ignição para a volta do equipamento ao planeta. A ideia era reduzir a massa do lançador na fase final do voo.

Apesar de câmera danifica, Starshio desceu com sucesso no Oceano Índico
Apesar de câmera danificada, Starshio desceu com sucesso no Oceano Índico  Foto: SpaceX/Divulgação

Voo anteriores

Em seu primeiro teste, o foguete decolou em abril do ano passado, mas explodiu quatro minutos depois do lançamento, a 39 quilômetros de altitude, por vazamento do propelente na parte traseira do propulsor Super Heavy, o que eventualmente cortou a conexão com o computador de voo principal do veículo. Segundo a Space X, isso levou a uma perda de comunicações com a maioria dos motores do propulsor e, finalmente, do controle do veículo.

À época, a explosão trouxe danos à região texana, fazendo “chover sujeira” em uma cidade próxima à decolagem, a 10 km do lançamento. O incidente chegou também a provocar um incêndio florestal, gerando uma investigação ambiental nos EUA.

Para voar novamente, a Space X teve de cumprir com 63 exigências feitas pela administração federal de aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês) após a explosão. As mudanças incluíam uma relacionada ao processo de separação das naves, no qual o segundo estágio, a própria nave Starship, liga seus motores durante o mesmo processo de separação, e não depois, visando a obter mais potência.

Se tudo ocorresse como o planejado, o voo do Starship duraria 90 minutos, atingindo a órbita da Terra e dando uma volta quase completa ao redor do planeta.

Já na segunda tentativa, em novembro de 2023, os 33 motores do Super Heavy, o primeiro estágio, funcionaram com sucesso, ao contrário do primeiro voo. Às 10h05, o foguete ultrapassou 39 km de altitude, ponto no qual h anteriormente. Às 10h06, o primeiro estágio se separou com sucesso, mas explodiu na sequência – ele deveria voltar e pousar na Terra.

O segundo estágio prosseguiu viagem, mas perdeu sinal com cerca de 9 minutos, após o desligamento dos seus motores, algo programado para a realização do voo em órbita. Engenheiros da companhia comemoraram, porém, o voo do propulsor, que alçou a nave Starship a até 90 km de altitude. O teste também tornou o Starship o maior foguete da história a entrar em órbita.

Na terceira tentativa, o Starship quase atingiu seu objetivo. Após realizar um voo quase completo em volta da Terra, o maior foguete da história a ir ao espaço explodiu no retorno para o planeta, a cerca de 72 km da superfície.

O lançador Super Heavy voltou à Terra, mas precisou ser detonado a poucos quilômetros do chão. Já a nave principal atingiu 234 km, entrando em órbita e realizando a trajetória programada para descer até o Oceano Índico. A transmissão perdeu sinal a cerca de 72 km da Terra e alguns minutos depois a companhia confirmou que perdeu o foguete.

Conheça o foguete Starship

O Starship é o foguete reutilizável mais potente desenvolvido pela Space X. O objetivo é levar a Humanidade à Lua e, depois, à Marte, cuja viagem deve durar US$ 10 milhões e US$ 60 milhões. A companhia diz que o foguete pode ser utilizado para transporte de até 150 toneladas de carga na Terra, com viagens de até uma hora e meia para qualquer parte do mundo.

“A Starship poderá transportar até 100 pessoas em voos interplanetários de longa duração”, diz em seu site a Space X sobre a espaçonave. “A Starship também ajudará a possibilitar a entrega de satélites, o desenvolvimento de uma base lunar e um transporte ponto a ponto aqui na Terra.”

O Starship é apelidado de “foguetão” porque é muito maior que o antecessor da Space X, o Falcon 9, de 70 metros. O irmão mais recente, no caso, mede 120 metros de altura, tem 9 metros de diâmetro e pesa 1,3 mil toneladas.

A espaçonave traz o propulsor Super Heavy (de 69 metros de altura), responsável por levar o Starship até a órbita da Terra em cerca de 170 segundos. O lançador traz 33 motores Raptor, com empuxo de 72 meganewtons (o dobro do motor da Falcon 9, o Merlin). Assim como a nave principal, o lançador pode ser reutilizado para novos voos.

Já a nave Starship tem altura de 50 metros, é equipada com três motores Raptor e mais três motores Raptor Vacuum, modelo com escape maior para maximizar a eficiência no espaço. O veículo traz também um tanque de metano líquido e outro tanque de oxigênio líquido para combustão.

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