
Duas famílias da espécie Athene cunicularia resistem na área urbana: uma há cinco anos na Rua Coronel Batista e outra há três meses na Rua Conde Afonso Celso
A presença de corujas-buraqueiras (Athene cunicularia) em áreas centrais de Anápolis tem chamado a atenção da população e despertado preocupação ambiental. Dois ninhos foram registrados pela Revista Planeta Água: o primeiro, existente há quase cinco anos na Rua Coronel Batista, dentro de um estacionamento; o segundo, há cerca de três meses, na Rua Conde Afonso Celso, ao lado da Hope Academia e em frente à Feira das Tintas.
Nas duas localidades, as aves encontram não apenas refúgio, mas também a solidariedade de moradores e comerciantes. No estacionamento, o proprietário convive com o casal e seus filhotes há anos. Já na Rua Conde Afonso Celso, um empresário da Feira das Tintas alimenta regularmente a família, que instalou o ninho na base de um muro de lote baldio.

Resistência na cidade
As imagens registradas pela reportagem mostram os animais em atividade diurna, característica marcante da espécie, que se adapta com facilidade a áreas abertas. No caso da Rua Conde Afonso Celso, o casal foi visto revezando a proteção da toca, enquanto os filhotes aguardavam no interior.
A fidelidade ao ninho, mantido por anos no mesmo local, é comum entre corujas-buraqueiras quando encontram segurança e disponibilidade de alimento. Isso reforça a necessidade de preservação desses espaços urbanos que, por circunstâncias ambientais, passaram a servir como refúgio da fauna silvestre.
Curiosidades sobre a coruja-buraqueira (Athene cunicularia)
Origem do nome: costuma nidificar em buracos no solo, muitas vezes aproveitando tocas abandonadas por tatus ou cavadas em terrenos baldios.
Atividade diurna: ao contrário da maioria das corujas, pode ser observada durante o dia, especialmente ao amanhecer e ao entardecer.
Alimentação: controla naturalmente populações de insetos, pequenos roedores e até répteis, funcionando como importante agente no equilíbrio ecológico.
Sinais de alerta: quando ameaçada, emite sons que lembram o chocalho de uma cascavel, afastando predadores.
Ameaças atuais: a expansão urbana, o desmatamento do Cerrado e o uso intensivo de agrotóxicos reduzem o número de presas naturais, obrigando a espécie a buscar abrigo e alimento em áreas urbanizadas.
O que moradores podem fazer
Evitar aproximação excessiva ou barulho no entorno da toca.
Não oferecer alimentos inadequados; em caso de necessidade, buscar orientação de biólogos.
Acionar a Secretaria Municipal de Meio Ambiente ou entidades de proteção da fauna em casos de risco.
Promover conscientização local com vizinhos e comerciantes para reduzir interferências.