Economia

Investidor estrangeiro tira R$ 24,2 bi da Bolsa brasileira em 2024

Número de saída do capital estrangeiro é o maior desde 2016; ano apresentou oito meses de retirada líquida para o exterior

Com os dados disponíveis, apenas dois dos nove anos com dados registraram saldos negativos de fluxo estrangeiro: 2018, com saída de R$ 4,83 bilhões, e 2019, com saída de R$ 6,5 bilhões.

Os valores consideram as aberturas de capital e os chamados follow-ons, quando uma empresa já listada emite mais ações, com objetivo de captar mais recursos para financiamento próprio.

Durante o ano, a entrada de capital estrangeiro só superou as retiradas nos meses de julho, agosto, setembro e dezembro. Em2022, foram dez meses de entrada positiva, enquanto 2023 registrou seis meses com saldo positivo e outros seis com saídas superando a entrada.

“A redução progressiva no número de meses positivos ao longo dos últimos anos reflete uma maior cautela dos investidores estrangeiros em relação ao mercado brasileiro”, afirmou em relatório o CEO da Elos Ayta, Einar Rivero.

Para ele, o número de saída indica desafios crescentes, que aumentam o risco do país, além de fatores internacionais de aversão ao risco. O fluxo indica um termômetro da atratividade do mercado brasileiro na comparação com outros países, diz Rivero:

“Momentos de maior entrada de capital costumam ser associados à recuperação econômica, à estabilidade política e à confiança no ambiente regulatório. Por outro lado, as saídas recordes, como as de 2024, podem refletir um cenário de incertezas que afetam a percepção de investidores externos”, afirma.

O número de saída recorde acontece mesmo num ano em que o Ibovespa atingiu sua máxima histórica, em agosto, superando os 137 mil pontos. No ano, o principal índice acionário da B3 amargou uma desvalorização de 10,36%, prejudicado pela taxa básica americana mais alta por mais tempo e pela indefinição das contas públicas no país.

Saída recorde de dólares

Na última quinta, o Banco Central divulgou que o fluxo de saída de recursos do país alcançou US$ 24,314 bilhões em dezembro (até o dia 27), o maior para um único mês da série histórica, iniciada em setembro de 2008, quando o mundo vivia uma crise financeira.

A autoridade monetária já vinha dando indicações de que o fluxo em dezembro de 2024 estava muito mais negativo do que em anos anteriores. No último mês de cada ano, é normal um maior volume de remessas para o exterior de empresas multinacionais para os países onde estão as sedes devido ao fechamento do balanço anual.

Por conta disso, a autoridade monetária teve de atuar mais fortemente no mercado de câmbio. Em um intervalo de 12 dias úteis, o Banco Central injetou US$ 32,574 bilhões no mercado por meio de intervenções cambiais extraordinárias. Foram 14 leilões, nove com oferta de dólares à vista e cinco com compromisso de recompra (linha).

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