Emmanuel Macron apostou alto e foi derrotado pela segunda vez em um mês, ao dissolver a Assembleia Nacional e antecipar as eleições legislativas na França. Ainda que prossiga à frente do Palácio do Eliseu até o fim do mandato, a era Macron parece ter terminado, de acordo com o veredicto das urnas. Se as projeções se confirmarem, ao fim do segundo turno, no próximo domingo (7), a coalizão Juntos, do presidente francês, deverá perder 180 cadeiras no Parlamento.
O histórico desempenho da extrema direita faz o partido RN, de Marine Le Pen, trilhar o caminho para tornar-se a maior força política na Assembleia Nacional: obteve 12 milhões de votos — o triplo da última eleição legislativa, em 2022.
A vitória do RN ainda não é definitiva. Os próximos dias serão cruciais para sabermos até que ponto está roto o cordão sanitário para deter a maioria absoluta da extrema direita nas 500 cadeiras que ainda estão por se decidir no segundo turno.
Desta vez, as diferenças no campo democrático — entre a Nova Frente Popular, de esquerda, a coalizão macronista e os Republicanos — são mais complexas para a formação de uma maioria alternativa republicana, governada a partir do centro.
Há, contudo, nuances neste apelo à união. Macron, por exemplo, apoiou a desistência desses candidatos e o apoio a quem estiver em primeiro lugar na disputa distrital, desde que não seja filiado à extrema esquerda, de Melénchon.
Os cenários viáveis não favorecem o presidente, sobretudo o que impõe uma coabitação forçada com um jovem premiê de extrema direita, o presidente do RN, Jordan Bardella, que representa tudo que ele sempre desprezou. Se as projeções se ratificarem no próximo domingo, o legado de Macron se antevê infame: o de um presidente que permitiu a entrada da ultradireita no poder.