
A situação envolvendo o encerramento da produção da Hyundai na fábrica da CAOA em Anápolis (GO) pode ser melhor entendida com informações de diversos veículos de comunicação. Apresentamos um resumo do que se sabe até agora na mídia nacional.

Contexto histórico
Fim de uma parceria de 20 anos: A CAOA e Hyundai encerraram oficialmente a produção conjunta em abril de 2025, após 26 anos de colaboração (iniciada em 1999). A decisão ocorreu após tentativas frustradas de reestruturar o acordo em 2024, que previa novos investimentos e ampliação da produção de modelos Hyundai em Goiás.
Razões para o rompimento: Disputas judiciais desde 2018 (resolvidas por arbitragem internacional em 2021) e falta de alinhamento estratégico, como a recusa da Hyundai em liberar novos modelos para produção local e a oposição da CAOA à importação de veículos como o Kona e Ioniq.
Impacto operacional
Modelos afetados: Encerramento da produção do SUV Tucson e do utilitário HR, ambos fabricados em Anápolis desde 2007. A produção já estava paralisada desde abril de 2025, após férias coletivas, com retorno limitado à linha CAOA Chery.
Modernização e expansão: A planta de Anápolis passará por ampliação de 36 mil m² (totalizando 208 mil m²) e receberá novos equipamentos de robotização da antiga fábrica da Ford na Bahia. A capacidade produtiva dobrará para 160 mil veículos/ano até 2027, com investimento de R$ 3 bilhões em P&D.
Nova estratégia da CAOA
Foco em parcerias chinesas: A CAOA negocia com as montadoras Dongfeng, Changan e Baic para ocupar o espaço da Hyundai. A prioridade é produzir veículos alinhados à demanda brasileira, incluindo picapes a diesel e SUVs elétricos.
Consolidação da CAOA Chery: A fábrica concentrará esforços nos modelos Tiggo 5X, 7 e 8, com lançamentos planejados como a picape a diesel e o SUV Tiggo 9 até 2027.
Consequências para a Hyundai no Brasil
Concentração em Piracicaba (SP): A Hyundai limitará sua produção nacional aos modelos HB20, HB20S e Creta, fabricados em sua planta própria. A falta de capacidade para novos modelos (como o Santa Cruz) pode aumentar a dependência de importações.
Rede de distribuição mantida: A CAOA segue como distribuidora exclusiva dos veículos Hyundai (nacionais e importados) em suas concessionárias, garantindo presença comercial da marca.
Impacto no mercado automotivo
Oferta reduzida de SUVs médios: A saída do Tucson da produção nacional beneficia concorrentes como Jeep Compass e Toyota Corolla Cross.
Os estoques remanescentes do Tucson e HR (ano-modelo 2024/2025) permanecem à venda, mas com vendas abaixo da média (69 unidades do Tucson emplacadas em junho/2025).
Atração de novas marcas: A reestruturação da CAOA pode facilitar a entrada de fabricantes chinesas no Brasil, com opções mais acessíveis e tecnológicas.
Virada estratégica
O encerramento da produção Hyundai em Anápolis marca uma virada estratégica para a CAOA, que prioriza parcerias com montadoras chinesas e investe na diversificação de seu portfólio. Embora o rompimento da aliança industrial com a Hyundai reflita tensões históricas, a manutenção do contrato de distribuição e a modernização da fábrica sugerem que ambas as empresas buscam minimizar impactos negativos. Para o consumidor, a mudança pode significar maior acesso a veículos asiáticos inovadores, mas também redução temporária de opções no segmento de SUVs médios.
Hyundai e CAOA não confirmaram oficialmente o fim da parceria, citando políticas de sigilo contratual.