
Finlândia avança na construção de cerca na fronteira com a Rússia
A Finlândia concluiu os primeiros 35 km de uma cerca de 4,5 metros de altura ao longo de sua fronteira leste com a Rússia. A barreira foi projetada para impedir que migrantes cruzem áreas de floresta. A Guarda de Fronteira Finlandesa confirmou essa etapa nesta quarta-feira.
Estrutura da cerca e prazo de conclusão
A cerca é composta por grades metálicas de 3,5 metros, com um rolo de arame farpado de 1 metro no topo. Além disso, ela está equipada com câmeras, sensores, alto-falantes e luzes. A previsão é que toda a estrutura fique pronta até o final de 2026.
A construção começou em 2023, perto do aniversário de um ano da guerra na Ucrânia. Na primeira fase, o governo optou por erguer 200 km da cerca ao longo dos 1.344 km totais da fronteira. A decisão veio após um aumento repentino no fluxo de migrantes pela Rússia.
Motivações políticas e críticas internacionais
O governo finlandês acredita que Moscou facilitou deliberadamente a entrada de migrantes em 2023. Cerca de 1.300 pessoas vindas de países como Síria e Somália cruzaram a fronteira naquele ano. Como resposta, a Finlândia fechou os oito pontos de travessia de passageiros com a Rússia de forma indefinida.
No entanto, a Rússia negou qualquer envolvimento nos fluxos migratórios. O governo russo afirmou que lamentava profundamente o fechamento das passagens, interpretando a ação como parte de uma postura antirrussa adotada por Helsinque.
Mesmo com críticas vindas de Moscou e de entidades internacionais, a Finlândia manteve a decisão. O cenário em Nuijamaa, próximo a um dos pontos de travessia fechados, permaneceu calmo nesta quarta-feira. Apenas o canto dos pássaros quebrava o silêncio ao redor da nova estrutura.
Segurança e legalidade da medida
Segundo Samuel Siljanen, chefe de operações da Guarda de Fronteira, a barreira é essencial para garantir a segurança. Ele argumenta que a cerca fortalece a vigilância e permite uma resposta mais rápida a possíveis incidentes.
Apesar disso, a medida gerou preocupações legais. A Corte Europeia de Direitos Humanos pediu explicações à Finlândia sobre o fechamento indefinido da fronteira. Em 2023, o comissário de Direitos Humanos do Conselho da Europa, Michael O’Flaherty, alertou que as restrições temporárias aos pedidos de asilo podem violar obrigações internacionais. Ele mencionou, entre outros pontos, a proibição de devoluções forçadas e de expulsões coletivas.