O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), voltou a defender o papel do Congresso Nacional em legislar sobre qualquer assunto, o que “não dá abertura para que outros poderes deliberem sobre o tema”, mesmo que “o Congresso decida não legislar”. A declaração foi dada em entrevista à TV Câmara, divulgada na terça-feira (2).
“O Congresso Nacional, às vezes, quando decide não legislar, está legislando. Não abre espaço para que outros poderes o façam. Se você tem um Congresso eleito para aquele período temporal de 4 anos na Câmara e 8 no Senado, aqueles são os representantes da população para aquele período, aqueles receberam autorização popular para representá-los em suas decisões”, disse.
Marco Temporal
A declaração de Lira refere-se a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que extrapolaram as funções da Corte, como a rejeição do marco temporal para reconhecimento de terras indígenas. Semanas depois, em clara resposta ao STF, o Congresso restabeleceu o entendimento de que os indígenas só possam reclamar terras que estavam habitadas pelas tribos na data da promulgação da Constituição de 1988.
A promulgação do marco temporal foi publicada na quarta-feira (2), no Diário Oficial da União, pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), após derrubada de vetos do presidente Lula.
“Essa questão das terras indígenas é sensível, internacional e nacionalmente falando. Mas há previsão, na Constituição, deles [indígenas] explorarem suas terras. Essa falta de regulamentação, no meu ponto de vista, é o que dificulta e causa o dilema”, disse.
Segundo Lira, o tema precisa ser “olhado com profundidade. E não será em uma mudança constitucional, mas, sim, regulamentando e adequando o que já existe”.
Ao falar sobre os atos do dia 8 de janeiro, o presidente da Câmara definiu o episódio como “grave”, porém “isolado”.
Lira defendeu que os envolvidos na manifestação “precisam ter consequências em suas vidas para entender que aquelas instituições representam a democracia”.
O governo está monitorando as convocações de grupos opositores para protestos pelo país em 8 de janeiro, quando se completa um ano dos atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes. O secretário nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar, afirmou que o Ministério da Justiça identificou chamadas nesse sentido nas redes sociais, mas sem grandes adesões.
Redes sociais
Na entrevista à TV Câmara, Lira também defendeu a votação do PL das Fake News, que estabelece obrigações e responsabilidades para as plataformas digitais. O projeto, conhecido também como “PL da Censura”, estava previsto para ser votado em maio deste ano, mas foi retirado de pauta após forte pressão da oposição e de vários setores da sociedade. Desde então, segue parado aguardando nova deliberação.