
O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou o confronto com a Universidade Harvard nesta quinta-feira (22). A nova medida revogou a autorização da instituição para matricular estudantes internacionais.
A decisão afeta cerca de 6.800 alunos estrangeiros, a maioria deles em programas de pós-graduação. Segundo o governo, esses estudantes devem se transferir para outras universidades. Caso contrário, perderão o direito de permanecer legalmente no país.
O Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês) justificou a decisão. De acordo com o órgão, Harvard não entregou documentos solicitados sobre seus alunos internacionais.
Em uma carta enviada à universidade, a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, fez acusações graves. Ela afirmou que Harvard mantém um “ambiente hostil para estudantes judeus”, promove simpatias ao Hamas e adota “políticas racistas” de diversidade, equidade e inclusão.
Em resposta, Harvard declarou que a ação do governo é ilegal. Além disso, alertou que a medida compromete sua missão de pesquisa.
O que acontece agora com os estudantes?
Estudantes que estão concluindo seus cursos neste semestre poderão se formar normalmente. A nova regra passa a valer a partir do ano letivo de 2025-2026. A turma de 2025 está prevista para se formar já na próxima semana.
Por outro lado, alunos que ainda não terminaram os estudos terão que se transferir. Se não o fizerem, perderão o visto de estudante. Além disso, os alunos internacionais recém-aceitos para o próximo semestre não poderão iniciar o curso — a menos que o governo mude de posição ou que a Justiça suspenda a medida.
Ainda segundo Noem, Harvard pode recuperar a autorização se cumprir uma lista de exigências em até 72 horas. Entre os pedidos estão registros disciplinares de alunos internacionais e gravações de protestos no campus.
Noem afirma que Harvard já se recusou a fornecer esse material anteriormente. A universidade, por sua vez, informou que está trabalhando para orientar os estudantes afetados.
O governo tem poder para isso?
Sim. O DHS é responsável por autorizar quais instituições integram o Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio. Esse programa permite que as universidades emitam os documentos necessários para que estrangeiros solicitem vistos de estudo. Com a remoção, Harvard perde esse direito.
Isso já aconteceu antes?
Sim, mas por outros motivos. O governo dos EUA já removeu instituições do programa, geralmente por falhas administrativas. Entre elas, perder credenciamento, não ter infraestrutura adequada ou deixar de funcionar como uma instituição educacional. No entanto, nunca houve remoção por razões políticas, segundo especialistas.
Conflito com o governo Trump
Desde abril, Harvard está no centro de um conflito com o governo Trump. Foi a primeira universidade de elite a se recusar a cumprir ordens da Casa Branca. Essas ordens exigiam o fim de protestos pró-Palestina e a suspensão de políticas de diversidade.
Como resultado, várias agências federais, incluindo o próprio DHS e os Institutos Nacionais de Saúde, suspenderam o repasse de verbas à universidade. Isso afetou diretamente projetos de pesquisa.
Em abril, o governo já havia ameaçado retirar a autorização para receber estudantes estrangeiros. Trump também sugeriu que Harvard perdesse o status de isenção fiscal, o que poderia comprometer a arrecadação de grandes doações.