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O paladino da natureza que fez de Anápolis em referência ambiental

Amador Abdalla: O paladino da natureza que fez de Anápolis em referência ambiental

Poucos personagens da história de Anápolis deixaram um legado tão profundo, visível e duradouro quanto o do ex-vereador Amador Abdalla, um ambientalista que transformou Anápolis em referência nacional na área do meio ambiente.

Nascido em 1922 e falecido em 1985, ele tornou-se sinônimo de amor à natureza, de defesa intransigente dos direitos dos cidadãos e de dedicação absoluta ao verde que hoje compõe a paisagem urbana da cidade.

Sua trajetória política e ambiental o consagrou como pioneiro muito antes de a pauta ecológica entrar na agenda nacional.

Um Visionário à Frente de Seu Tempo

Entre as décadas de 1950 e 1980, quando pouco se falava de preservação ambiental, Amador Abdalla já mobilizava a sociedade e o poder público para proteger árvores, criar praças, incentivar o plantio e transformar Anápolis em um município mais humano, verde e sustentável.

Foi eleito vereador por três legislaturas e presidiu a Câmara Municipal entre 1973 e 1975, destacando-se pela firmeza em seus ideais e pela disciplina com que cobrava o que considerava essencial: respeito à natureza e à qualidade de vida dos moradores.

Em 1954, foi eleito presidente da Câmara por unanimidade.

Ao longo dos mandatos, criou estruturas que moldariam a cidade:

  • Departamento de Parque e Jardins
  • Floricultura Municipal
  • Parque das Rosas
  • Secretaria Municipal de Meio Ambiente, instituída pela Lei nº 932, de 10 de fevereiro de 1982, durante a gestão de Wolney Martins

Para além dos cargos, Amador gostava de destacar aquilo que considerava seu maior legado:

o plantio de mais de 100 mil árvores e a construção de mais de 40 praças públicas — marcas que até hoje compõem a identidade ambiental de Anápolis.

O “Evangelizador do Verde”

A força de sua atuação foi tão marcante que o periódico anapolino Imagem Atual, editado pela jornalista e escritora Suzana Guimarães, dedicou-lhe a célebre reportagem intitulada

“Paladino da Natureza: Amador Abdalla”.

Publicada nas décadas de 1980, a matéria sobrevive no acervo do Museu Histórico Alderico Borges de Carvalho e continua sendo referência para pesquisadores da história ambiental da cidade.

O texto sintetiza o espírito de Amador Abdalla em um lead inesquecível:

Se o ideal de um único homem nesta cidade fosse respeitado,

Anápolis seria uma espécie de paraíso terrestre, cercada de natureza por todos os lados, vibrante de vida

e isenta de qualquer traço de poluição.

A reportagem o descreve como um lutador incansável — às vezes incompreendido, às vezes contestado — mas sempre firme naquilo que acreditava.

Para Suzana Guimarães, a defesa da natureza em Amador “ultrapassava qualquer adjetivo quantitativo e chegava a ser instinto”.

A Criação da Associação Anapolina de Proteção ao Meio Ambiente

Um dos capítulos mais importantes da sua trajetória foi a criação, em 21 de setembro de 1985, Dia da Árvore, da Associação Anapolina de Proteção ao Meio Ambiente (AAPMA).

Fundada por Amador Abdalla, Luiz Carlos Mendes, Júlio Alves, Edison Calgaro e Odilon Alves, a entidade marcou um avanço significativo na defesa ambiental na cidade.

Com apenas um ano de existência, a Associação já havia protocolado quatro representações judiciais contra a poda irregular de árvores e contra ações de poluição ambiental — uma ousadia para a época.

A amplitude da AAPMA impressionava.

Entre seus sócios constavam:

José Sarney – Presidente da República, como Honra ao Mérito

Flávio Peixoto – ex-ministro

Adhemar Santillo – prefeito de Anápolis

Onofre Quinan – governador de Goiás

Dom Tomás Balduíno – bispo

Toda a imprensa falada e escrita de Anápolis

A imprensa registrava sua inquietação diante das agressões à natureza e perguntava:

Se o Sena e o Tâmisa foram despoluíd;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;os, por que Anápolis não poderia dar o exemplo?

Em seus últimos anos, Amador contou com o apoio do jornalista Odilon Alves, hoje diretor da Revista Planeta Água, que fortaleceu a atuação da Associação e ajudou a ampliar sua voz em defesa da cidade.

Homenagens e Reconhecimento

Mesmo após sua morte, em 1985, o legado de Amador Abdalla continuou influenciando gerações. Em 2018, a Câmara Municipal instituiu o “Certificado Mérito do Meio Ambiente Vereador Amador Abdalla”, uma homenagem destinada a personalidades e instituições que se destacam na proteção ambiental em Anápolis.

A honraria eterniza não apenas seu trabalho, mas o espírito que guiou toda sua vida:

“Toda vida pela natureza”.

Um Exemplo de Pioneirismo e Cidadania

Amador Abdalla não foi apenas um político.
Foi um educador ambiental, um mobilizador social, um líder comunitário e um homem cuja visão urbana ultrapassou o seu tempo.
Sua luta não era movida por vaidade, mas por profundo amor à cidade e ao meio ambiente.

A história de Anápolis seria incompleta sem seu nome.

As árvores, as praças, os parques e a consciência ambiental que hoje permeia o município carregam a marca de um homem que transformou sua paixão por natureza em políticas públicas, mobilizações e legado permanente.

Amador Abdalla vive nas raízes que ele plantou — e na memória de todos que reconhecem a importância de proteger o planeta a partir do lugar onde vivem.

Opinião de Odilon Alves

Ao ambientalista pioneiro de Anápolis, vereador e pai de família, Amador Abdalla, meu professor, mestre e amigo, registro minha profunda gratidão.

Agradeço por nossas viagens a Goiânia e Brasília, onde, na posição de amigo e seu motorista, participamos de congressos e seminários que moldaram a defesa ambiental em Goiás.

Pelos embates firmes contra agressores da natureza e defensores da motosserra. Pela luta vitoriosa em defesa da mata do Parque da Juventude Onofre Quinan, marco essencial da preservação ambiental em nossa cidade.

Foi a pedido dele que criei e editei o Jornal O Ipê, veículo que por muitos anos divulgou e fortaleceu sua incansável batalha em favor do meio ambiente.

Também por sua iniciativa foi criada a Associação Anapolina de Proteção ao Meio Ambiente, que distribuiu milhares de carteirinhas e mobilizou gerações para a causa ecológica.

Como vereador e secretário municipal do Meio Ambiente, Amador deixou legado exemplar: implantou o viveiro de mudas da prefeitura, promoveu o plantio de milhares de árvores e introduziu centenas de palmeiras imperiais que hoje embelezam vias como a Engenheiro Portela, entre tantas outras ações que transformaram a paisagem urbana de Anápolis.

Parabéns e obrigado também, caro amigo e companheiro de lutas, pelas inúmeras honrarias que recebemos dos legislativos municipal e estadual em reconhecimento ao trabalho realizado em favor do meio ambiente.

À época, muitos o chamaram de utópico ou sonhador. Hoje, porém, é amplamente reconhecido como visionário — alguém que antecipou seu tempo e lançou as bases do ambientalismo em Anápolis e em Goiás.

De amador ele não tinha nada!

Obrigado, Amador Abdalla. Prossiga com o bom plantio e a farta colheita nos céus.

Odilon Alves Rosa

 

Por Gildo Ribeiro
Editor do Portal 7Minutos

 

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Amador Abdalla criou a Associação Anapolina de Proteção ao Meio Ambiente, no Dia da Árvore, 21 de setembro de 1985. Foto: Reprodução
Medalha Amador Abdalla, honraria entregue pelo Legislativo anapolino às pessoas e empresas que se destacam na defesa do meio ambiente. Evento ocorre no Dia Mundial de Meio Ambiente e vem se repetindo há várias décadas.14 04 1999
10.05.2005, Odilon Alves Rosa, Amador Abdalla e Paulo Souza (então vice-presidente da OAB-Goiás) na comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente no CEL da OAB de Anápolis.
Foto de Gildo Ribeiro

Gildo Ribeiro

Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.
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