Meio Ambiente

“Colapso do clima já começou.” Ano de 2023 poderá ser o mais quente de sempre

O satélite europeu Copernicus revela que as temperaturas globais durante o verão de 2023 foram as mais elevadas desde que há registro.

 

“A temperatura média global do ar à superfície de 16,82 °C em agosto de 2023, 0,71 °C mais quente do que a média de 1991-2020 para agosto e 0,31 °C mais quente do que o anterior agosto mais quente de 2016. Estima-se que o mês tenha sido cerca de 1,5 °C mais quente do que a média pré-industrial de 1850-1900. Registaram-se ondas de calor em várias regiões do Hemisfério Norte, incluindo no sul da Europa, no sul dos Estados Unidos e no Japão. Registaram-se também temperaturas muito acima da média na Austrália, em vários países da América do Sul e em grande parte da Antártida”, explica o Copernicus.

Em comunicado, Samantha Burgess, diretora-adjunta do Copernicus, afirma que “os recordes de temperatura global continuam, com o verão boreal mais quente desde 1940”.

“2023 está atualmente classificado como o segundo mais quente, apenas 0,01 ºC atrás de 2016, quando faltam quatro meses para o final do ano. O oceano global registou em agosto a temperatura de superfície diária mais quente desde que há registo, sendo o mês mais quente de sempre. As provas científicas são esmagadoras: enquanto não deixarmos de emitir gases com efeito de estufa, continuaremos a assistir a mais recordes climáticos e a fenómenos meteorológicos extremos mais intensos e frequentes, com impacto na sociedade e nos ecossistemas”, considera Samantha Burgess.

Os meses de junho a agosto foram os mais quentes de sempre a nível mundial, com uma temperatura média de 16,77 ºC, ou seja, mais 0,66 ºC do que é habitual. Na Europa, a temperatura média durante o verão foi de 19,63 ºC, mais 0,83 ºC.

Reagindo às informações divulgadas pelo Copernicus, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que o clima está a entrar “em colapso”.

“O nosso planeta acaba de registrar o verão mais quente de sempre. O colapso do clima já começou”, afirmou António Guterres, citado pela agência de notícias AFP.

“O nosso clima está a implodir mais depressa do que conseguimos aguentar, com fenómenos meteorológicos extremos a atingir todos os cantos do planeta”, lamentou.

O satélite europeu Copernicus registrou ainda, em agosto, “anomalias recorde” na temperatura da superfície do mar no Atlântico Norte e no oceano global. Durante o verão de 2023, foram também registradas várias ondas de calor marítimas em diversas zonas da Europa, nomeadamente na Irlanda e no Reino Unido, em julho, e no Mediterrâneo, em julho e agosto.

“O mês de agosto, no seu conjunto, registrou as temperaturas médias mensais à superfície do mar mais elevadas, com 20,98 °C, e esteve muito acima da média para agosto, com uma anomalia de 0,55 °C. As temperaturas à superfície do mar no Atlântico Norte bateram a 5 de agosto o anterior recorde diário de 24,81 °C, estabelecido em setembro de 2022, e desde então quase todos os dias estiveram acima deste nível, atingindo um novo recorde de 25,19 °C a 31 de agosto”, explica o satélite europeu.

Os primeiros seis meses do ano contaram com precipitação acima da média na maior parte da Europa Ocidental e na Turquia, com inundações em alguns locais. Já a Islândia, a Escandinávia, a Europa Central, grande parte da Ásia, o Canadá, o sul da América do Norte e a maioria da América do Sul registaram “condições mais secas do que a média”, com fogos florestais significativos em algumas regiões, sobretudo em França, Grécia, Itália e Portugal.

As regiões do Nordeste e do Oeste da América do Norte registraram temperaturas “mais úmidas”, com o furacão Hilary a atingir a Califórnia e o oeste do México.

O Copernicus destaca ainda que a extensão do gelo marinho antártico “manteve-se a um nível mais baixo para a época do ano, com um valor mensal 12% abaixo da média, de longe a maior anomalia negativa para agosto desde o início das observações por satélite”. No Ártico, a extensão do gelo marinho “esteve ainda mais abaixo” do que é habitual.

 

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