Política

França entra em período de incerteza após nenhum partido conquistar o Parlamento

No domingo (7), a esquerda surpreendeu e derrotou a extrema direita. Esse cenário era impensável menos de duas semanas atrás, quando as pesquisas projetavam uma vitória do partido Reunião Nacional.

Na eleição de domingo (7) na França, a esquerda surpreendeu e derrotou a extrema direita. Mas como nenhum partido conseguiu maioria no Parlamento, o país entrou em um período de incerteza.

E agora, o que vamos fazer?” .É a pergunta de um dos principais jornais de Paris. Dá o tom do impasse que a França enfrenta daqui em diante. A coligação de esquerda – formada pelos partidos socialistas, comunistas, verde e França Insubmissa, da esquerda radical – conquistou a maior bancada na Assembleia Nacional.

A aliança quer ter o direito de indicar um novo primeiro-ministro e discute internamente quem vai chefiar o governo. As lideranças garantem que vão anunciar um nome em uma semana. Mas como eles não têm maioria, o presidente Emmanuel Macron não precisa nomear o premiê apontado pela colisão. Isso dá margem a negociações.

A coalizão de centro, de Macron, que ficou com a segunda maior bancada, pode tentar uma aliança com membros da esquerda para formar uma maioria ampla e determinar juntos quem será o primeiro-ministro. Na França, um cargo decisivo, responsável por decidir os rumos da política doméstica, econômica e migratória.

O atual primeiro-ministro e aliado de Macron, Gabriela Attal, decidiu entregar o cargo depois da eleição, mas, na manhã desta segunda, o presidente rejeitou o pedido de demissão. Macron decidiu manter o atual primeiro-ministro para, segundo ele, garantir a estabilidade do país neste momento de transição. A nova Assembleia Nacional só vai começar a trabalhar no próximo dia 18, até lá o premiê não pode ser destituído do cargo.

O cenário na França era impensável em menos de duas semanas atrás, quando as pesquisas previam uma vitória do partido Reunião Nacional, de extrema direita. As projeções indicavam que ele poderia chegar muito perto dos 280 deputados, a marca para ter a maioria absoluta. A esquerda ficaria em segundo, e a colisão de Macron em terceiro.

Mas as articulações contra extrema-direita deram certo e surpreenderam os eleitores na noite de domingo (7).

A Reunião Nacional terminou em terceiro com 143 deputados, atrás até mesmo do grupo de Macron com 168 e da esquerda, com 172. O presidente do partido, Jordan Bardella, admitiu nesta segunda que cometeu erros. Ao longo da campanha, vários candidatos do partido foram criticados por racismo e discriminação contra minorias e imigrantes.

Líderes internacionais celebraram a derrota da extrema direita. O governo da Alemanha disse que o pior foi evitado. O primeiro ministro da Espanha, Pedro Sánchez afirmou que a França disse não ao retrocesso. O presidente americano Joe Biden usou a França como exemplo para dizer que os Estados Unidos, que vão às urnas em novembro, também vão derrotar os extremistas.

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