“No inferno, os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise”.
Atribuem-se, sem convicção, a assertiva acima ao poeta e escritor italiano Dante Alighieri (1265, Florença – 1321, Ravena, Itália). Na obra prima, poema épico e teológico, que unificou o idioma e a escrita da língua italiana: “A DIVINA COMÉDIA”, no Canto XI, Inferno, Dante faz uma forte alusão a um cidadão de nome Giovanni di Pietro di Bernardone, mais conhecido como Francisco de Assis (1182, Assis – 1225) dizendo que ele foi “como uma luz que brilhou sobre o mundo”.
Dia 04 de outubro é dedicado a São Francisco de Assis. Uma boa oportunidade para perguntar quem foi este santo homem. Sim, entender quem foi este homem franzino, que com suas vestes puídas e um cajado na mão, passou parte de sua vida pregando pelas cidades italianas? Quem foi este homem que nascido de família nobre, experimentou os prazeres da vida e não se realizando, abandonou tudo e foi pregar a paz e os ensinamentos cristãos sempre preocupado com a natureza? Quem foi este homem que exaltou o Criador de todas as coisas e toda sua criação, pregou a simplicidade, a humildade, a bondade, a generosidade, a gentileza, a paz enfim; que foi canonizado Santo pela Igreja Católica apenas dois anos após sua morte? Quem foi este homem a se tornar o primeiro ambientalista mundial, aos referir-se aos animais como irmãos?
Conta sua história que se alistou como soldado numa guerra entre cidades italianas, (1202), foi capturado e preso por um ano. Não desistiu! Em 1205, novamente foi para a carreira militar. Francisco queria algo mais. Teve visões que o convidavam para alguma coisa diferente, como enamorar o que chamou de “Dama Pobreza” com renúncia da vida rica em que vivia. A seguir, com certo escândalo, por abraçar um leproso e dizer que viu Jesus Cristo em seu lugar, inicia sua nobre missão na terra.
Vale a pena conhecer a vida e a performance deste Santo homem. Pelo meu conceito, ainda que ele nada tivesse feito de especial nas suas andanças pelo nosso planeta, só sua famosa oração já teria sido suficiente para ser canonizado: “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz/Onde houver ódio que eu leve a paz/Onde houver ofensa que eu leve o perdão/Onde houver discórdia que eu leve a união”…. Lindo demais, mudanças demais em tempos que os povos primavam pelas lutas por conquistas de terras e espaços. Dante Aliguieri estava certo: Francisco de Assis (SANTO) foi, realmente, uma luz que brilhou para um mundo que sempre primou pela discórdia.
Num tempo que tanto necessitamos de paz e união na nação brasileira, vale a pena pedir ao Santo para interceder junto ao Criador de todas as coisas para conceder aos nossos líderes políticos, sabedoria e humildade para seguir seus ensinamentos, iniciando pela gentileza cotidiana, sem paixão, sem sectarismo, com paz no coração. O Santo afirmava: “Nada é mais forte que a gentileza”. Com certeza, a vida ficará mais leve e melhor.
Fica o convite.
Moacir Melo