O primeiro-ministro Narendra Modi impôs a meta de conquistar 400 dos 543 assentos da Lok Sabha, como é conhecida a Câmara baixa do Parlamento indiano. A vitória, com maioria absoluta, lhe daria as credenciais necessárias para fazer reformas na Constituição.
Modi adentra o terceiro mandato no comando do país mais populoso do mundo, mas com capital político menor do que o previsto, segundo a contagem preliminar. A Aliança Democrática Nacional (NDA na sigla em inglês), que engloba o BJP, partido do premiê, ficou com 294 cadeiras — acima da maioria simples, mas muito aquém dos 353 conquistados nas eleições de 2019.
Estratégia do ódio não funcionou
Reunida na fusão de 28 partidos e batizada com o nome de ÍNDIA (Aliança Inclusiva para o Desenvolvimento Nacional Indiano), a oposição surpreendeu todos os prognósticos e pode ter obtido mais de 230 cadeiras. Freou os planos ambiciosos do primeiro-ministro. Conforme declarou Sanjay Singh, do partido opositor Aam Aadmi, as urnas mostraram que “o povo votou contra o ódio e a ditadura”.
O revés nas urnas deixa claro ainda que a oposição —personificada em Rahul Gandhi, o principal adversário do premiê— soube capitalizar a seu favor a retórica inflamatória do premiê e ganhou impulso, contrariando as pesquisas de opinião.
No terceiro mandato consecutivo, o primeiro-ministro iguala-se ao primeiro líder da Índia pós-independência, Jawaharlal Nehru. No mundo ideal de Modi, ele dirigiria o país com maioria absoluta, seguindo o estilo centralizador. No mundo real, dependerá dos partidos nanicos de sua coligação. Com a redução drástica da margem do premiê, esta vitória deu a ele o sabor da derrota.