Saúde

Médica que atendeu Bolsonaro após o atentado em 2018: ‘Cumpri minha missão’

Ludhmila Hajjar fala do atendimento a Bolsonaro e anuncia o maior hospital do mundo

Ludhmila Hajjar, uma das profissionais de saúde que cuidou de Jair Bolsonaro (PL) após a facada em 2018, contou detalhes de como foi esse atendimento ao então candidato nas primeiras horas após o atentado. Em entrevista ao “Alt Tabet”, do Canal UOL, Hajjar ressaltou que foi como médica e cumpriu “a missão” que lhe foi dada. Hajjar explicou que participou da primeira cirurgia de Bolsonaro logo após a facada e que cuidou dele “nas horas mais críticas”.

“Cheguei em um momento em que o paciente já estava sendo operado. Participei do final da cirurgia, da chegada dele na UTI, cuidei dele nas horas mais críticas e, assim que ele estabilizou, houve necessidade de transferência para São Paulo. Eu cumpri a missão que me foi dada”.

Fake news?

A médica também rechaçou as fake news divulgadas na época de que a facada seria uma invenção. “É uma tristeza fazer isso porque nessas horas não há julgamentos. É um paciente que sofreu atentado grave, que quase morreu e que até hoje sofre as complicações disso. É indiscutível que isso é uma maldade [as fake news]. Isso impera na nossa sociedade, não é só uma questão médica. São pessoas ruins que usam o sofrimento dos outros para fazer política, ideologia e isso realmente tem que ser combatido”.

Ludhmila já cuidou de políticos de diferentes ideologias e ressaltou que há alguns cuidados que devem ser tomados com esses pacientes. “Jamais vou diferenciar um paciente pelo cargo, importância, condição financeira, porque isso seria uma premissa inadequada para qualquer pessoa que cuida de vida, mas é claro que existem peculiaridades.

Quando você cuida de um político, tem a questão muito da informação, de lidar com assessoria, com múltiplas pessoas querendo opinar, intervir, e eu sou muito dura com isso. Quando o paciente está sentado na minha frente, não lembro se é de esquerda, direita, não quero saber disso, não me interessa”.

‘Onda de picaretagem assola a medicina no Brasil’

Hajjar afirmou haver “múltiplos fatores que culminaram nessa onda de picaretagem que hoje assola a medicina e a ciência”. “Esse não é um fenômeno só brasileiro, é mundial. Mas o Brasil está vivendo o cúmulo disso”.

Para a médica, a maior facilidade em se adquirir um diploma de medicina tem impacto nesse cenário porque há muitos profissionais preocupados apenas com o dinheiro, não com o paciente. “Não tenho dúvidas [disso] e eles estão por aí. Fico indignada. São pessoas que não têm talento nenhum, que não têm a vocação básica [para exercer a medicina] que é gostar de gente. E aí o que nos selecionava? Você tinha que estudar muito para passar em um vestibular que era difícil, mas houve uma tragédia no Brasil chamada proliferação indevida de faculdades de medicina. Hoje a gente só perde para a Índia, somos o segundo país no mundo em números de faculdades de medicina, a maioria é privada e de baixa qualidade”.

Ludhmila destacou que muitas instituições não oferecem o básico para a formação do médico, sem professores adequados e hospital universitário. “[Forma] esse pseudomédico que não sabe nada e não faz prova de residência. É esse cara que vai estar no posto, na UPA, que vai atender um infarto, achar que é uma dor e passar um anti-inflamatório. É isso que nós estamos vivendo, o pior momento da formação médica no Brasil”.

Planos para o maior hospital do país: ‘Será o melhor do mundo’

Hajjar contou que esse hospital, que ainda está no papel, “vai mudar a história da saúde desse país”. “É um hospital que vai revolucionar os cuidados dos pacientes públicos do país e do mundo. Afirmo que vai ser um hospital inteligente, onde vamos alinhar tudo que há de inovação e tecnologia para atender pacientes do SUS”.

Ludhmila explicou: “É uma parceria de múltiplas mãos, de iniciativa do Hospital das Clínicas, com o apoio do governo federal, investimento da construção do NDB e com o apoio do governo de São Paulo”.

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