E de repente estamos no mês de agosto. E com isto, cá no Centro-Oeste brasileiro, suportamos um clima muito seco, uma amplitude térmica exagerada e desafiadora, às vezes repaginada com ventos uivantes, árvores depenadas visando sua renovação à espera da estação que se avizinha e deparamos com tempos difíceis, contudo, suportáveis.
Neste contexto, porém, alguma coisa nos surpreende, nos mostra a beleza da renovação da natureza e reforça nossa alegria de viver. Sim, refiro-me à flor do Ipê, que, em agosto, em suas variedades de branco, rosa, roxo, amarelo, antecipando a Primavera com suas flores exuberantes, nos deixam extasiados de tanta beleza.
Como nasci no mês de agosto e sou um apaixonado pelo Ipê, retorno minha cantoria, mais uma vez, com a dupla goiana André e Andrade, ao belo poema da música “Flor do Ipê”:
Eu nasci no mês de agosto/o mês da flor do Ipê/os campos ficam floridos/que dá gosto a gente ver/da minha infância querida/eu não consigo esquecer/na porta da minha escola/um lindo pé de Ipê/No mês de agosto eu vejo/os lindos pés de Ipês/as flores nascem de novo/só eu não volto a nascer”.
Sim, uma analogia perfeita com o ciclo anual da planta símbolo do Brasil, que prenuncia a primavera a partir do mês de agosto de cada ano, com suas flores de beleza esplêndidas.
Geraldo Magela da Cunha, poeta goiano, nos deu uma grande aula sobre a importância do Ipê:
“De sua casca e madeira, retiram-se substâncias que retiram males do nosso corpo/De suas flores, abelhas extraem precioso mel/De sua madeira dócil e resistente, fabricam-se peças imprescindíveis/Suas raízes, em busca de água, penetram as profundezas evitando erosões/No verão, reverdece e protege pássaros e corpos fustigados do calor do dia/Das entranhas de suas folhas escorre chuva, ameniza o ar, molha a terra, pereniza rios, renova vidas”.
Mil e uma utilidades para a planta que nos traz o belo exemplo da antecipação da renovação. Nada melhor e mais bonito.
Na verdade, o exemplo que o Ipê nos traz a cada ano é de um grande corte, antecipando o que a Primavera também nos traz, ano após ano: deixar cair as folhas velhas das árvores para nascer e crescer outras novas, verdes e cheias de vida, num modelo de como deve ser a renovação da vida com renovação da esperança e um eterno convite ao recomeço de todos nós. Afinal, a natureza recomeça a cada dia e nos dá o espetacular exemplo através da inexplicável sensação de que fica mais exuberante, mais bela e com suas paisagens multicoloridas de renovação que dá gosto de ver.
Sim, é preciso renascer apesar de saber que “só eu não volto a nascer”, o lamento eterno dos poetas cantores, no poema exarado. Porém, enquanto o Criador de Todas as Coisas não nos levar para o eterno, podemos sim, e muito, renovar nossas esperanças, acreditar que a vida é bela e que vale a pena ser vivida com intensidade.
Vale a pena a luta de carregar, com amor, fé e esperança, a cruz de cada dia. Cá do meu lado, garanto, procuro estar sempre em processo de renovação contínua e, em cada mês de agosto, busco acelerar este processo. Com isto, volto a nascer e a agradecer ao Criador.
Fica meu convite a você, prezado leitor. Renove-se! Celebre comigo este tempo de renovação da esperança. Será meu presente!